As relações interpessoais são muitas vezes de difícil resolução, particularmente em contexto escolar, no qual encontramos personagens separadas por objetivos e por percursos diferentes. Nina é a protagonista de um conflito com um professor, que poderá representar os conflitos latentes nas escolas da atualidade.
A aventura da jovem Nina, em luta constante consigo mesma, começa quando, irritada pelo facto de um professor lhe ter pedido o telemóvel que estava a usar nas aulas, infringindo as regras da escola, publica a notícia nas redes sociais. O professor Júlio, extenuado com a indisciplina, reage de uma forma surpreendente: chora perante os alunos, revelando uma faceta de fragilidade, com a qual todos se divertem. Esse acontecimento traz consequências desastrosas, porque revela as inseguranças e as fragilidades, mas também as convicções, de um conjunto de pessoas que pertencem às relações desta figura. É o caso do Luís, filho do professor, muito inteligente mas completamente marginalizado pelos colegas e vítima de bullying; de Lili, amiga de Nina, exótica e diferente, que acabará por ser vítima da separação dos pais e ainda de um rapto perpetrado por um desconhecido; de Amélia, irmã de Nina, que trabalha para educar a irmã num supermercado, mas tem de se prostituir para pagar as despesas (ficaram órfãs de pai e mãe, depois de uma tragédia que se abateu sobre a família), e que será um elemento importantíssimo na recuperação de Júlio, o professor, quando este tenta suicidar-se.
Refira-se que o contexto escolar é também abordado, através da caracterização de alguns elementos secundários mas que lhe dão forma. Toda esta aventura que se desenvolve ao longo de 320 páginas é vivida durante precisamente sete dias.