Três gerações de mulheres ficaram gravadas nas paredes da quase em derrocada Casa da Lua, paredes que Marta, a derradeira, quer fazer renascer, numa aldeia do interior, também ele a ser comido pelas silvas e pelo abandono.

Dia de sol e de calor. Ao fundo, ouve-se o coaxar das rãs num regatinho próximo, fazendo coro com o canto ritmado do cuco. Numa frondosa árvore, ouvem-se as cigarras a cantar ao desafio, enquanto os pássaros brincam galhofeiros nos ramos, procurando alguma sombra. Numa arruda, encostada ao tronco da árvore, uma gorda lagarta vai mastigando folhas verdinhas que encontra pelo caminho.

Nem sempre é fácil aceitar a diferença. Nem sempre é fácil compreender aqueles que nos rodeiam, as suas atitudes, os seus gostos, as suas opções de vida. Também no reino animal isso acontece. Nestas histórias, em forma de teatro, a lagarta e a cigarra são vítimas de discriminação por parte de alguns seres que partilham com eles o mesmo sol e o mesmo verde. No entanto, quando a boa vontade impera, tudo é possível.

- Vais viajar esta noite. - Viajar? Perdeste o juízo? Está muito frio e… - É uma viagem diferente. Não sentirás nem frio nem calor. Precisas apenas de acreditar nela. - Mas… - Precisas de acreditar. Só assim é possível.